Maiorias e minorias
Hoje, com as
manifestações que assistimos temos uma impressão que conseguimos
interpretar o sentimento da maioria do povo brasileiro.
É impressionante ver nas
ruas manifestação com uma grande massa, a exemplo de São Paulo,
que reuniu cerca de 65.000 manifestantes (dados do ESTADÃO).
Contudo, algumas
informações não podem passar desapercebidas, como demonstro nos
argumentos a seguir.
Nas eleições de 2012, para prefeito
desta mesma cidade, que conta com 8,6 milhões de eleitores, as
manifestações de votos nulos, abstenções e votos em branco
chegaram a 31,59%. Vejam o quadro abaixo:
São Paulo | |||||
Ano | Eleitorado | Absenções | Votos em branco | Votos nulos | Manifestantes 2013 |
2012 | 8.619.170 | 1.722.880 (19,99%) | 299.224 (4,34%) | 500.578 (7,26%) | 65.000 (0,75%) |
Para muitos paulistas, a sensação é
que o GIGANTE ACORDOU, contudo, 99,42% das células deste gigante
continuaram dormindo.
Não se assustem, isto é a democracia,
em todo lugar é assim, como vou mostrar.
Voltando as eleições de São Paulo,
posso ilustrar ainda outro fato. O vereador menos votado na cidade,
tirou individualmente 8.722 votos (0,1% dos eleitores).
Isto significa dizer que 8.610.448
milhões não o escolheram. Seria ele um representante do povo? Da
maioria? Não, claro que não.
O que ocorre é que, ORGANIZADAMENTE, o
partido que ele milita (Psol) conseguiu um numero de votos suficiente
para ocupar uma cadeira da Câmara.
E é sobre esta
organização que me refiro. O movimento deixa evidente a falta de um
foco organizado. Já tem gente com cartaz contra a presidente, contra
o governador contra o prefeito, sendo que só o prefeito tem a
prerrogativa de fixar a tarifa de transporte público. (Nem vou citar a quantidade de outras bandeiras)
Tem pessoas pedindo por
tudo, e quando algo se define pelo tudo, acaba se definindo pelo nada
também. O País não precisa de uma massa sem rumo, que sabe muito
bem o que não gosta e o que não quer. Um país não se constrói
com frases de efeito. Os políticos tradicionais já fazem isso.
Toda a intenção por
trás do movimento é legítima, contudo, sou cético em relação ao
movimento e suas possibilidades de mudanças efetivas.
Parte-se do princípio
que uma massa nas ruas pode mudar a realidade. Mas convenhamos, se a
grande maioria tem mesmo esta “força”, porque esta força não
consegue paralisar a minoria de vândalos que prejudica o movimento?
Queremos mudar um país mas não conseguimos paralisar um pequeno
grupo de extremados?
Tenho fé que este
movimento que possui uma face linda, (e algumas manchas
indisfarçáveis), não se enfraqueça e se reduza a um simples
período como aconteceu com o Movimento “fora Collor”, mas se
constitua, com o tempo, em diversos grupos organizados, com caráter
permanente para qualificar a atuação da sociedade na fiscalização
e na construção de um projeto novo, mas acima de tudo democrático.
E agora, se você é
daqueles que vive dizendo que políticos são todos iguais e que
nenhum presta, você se iguala aos que dizem que manifestantes são
todos iguais, são todos Vândalos. Pensem nisso!
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